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Errância - Permanente Transição

Floriano Romano apresenta sua exposição sonora “Errância” pelo Prêmio CCBB Contemporâneo que é um desdobramento do projeto Sala A Contemporânea que abriu espaço para a arte contemporânea brasileira na instituição.

A palavra errância (condição do errante), tem origem no latim errantia, que significa “desviante, alguém que anda sem destino, que vive a vaguear.” Nesse sentido há uma conexão explícita e simbólica entre o título da mostra e a experiência proposta pelo artista.

Para realizar o trabalho, Romano organizou grupos de 4 pessoas com os corpos microfonados (humanos e uma bicicleta) para transitarem pelas noites cariocas em bares da Lapa, Madureira, Rocinha e no Leblon. A partir de um texto ficcional, escrito pelo artista, o participante errante narra de forma pessoal essa história parecendo ser a sua própria, como uma performance. Além da captura do som da cidade, a interação com anônimos cria imagens sonoras de conversas bem comuns na cena noturna de uma metrópole.

Na sala de exposição, seis caixas de som fixadas em tripés reproduzem os fragmentos editados do resultado dos áudios, no piso um caminho desenhado que permite que o público percorra a sala por diversas maneiras experimentando a sensação de trânsito pela cidade e por outra perspectiva parece formar lugares de permanência.

Em sua instalação o artista propõe um deslocamento de lugar, onde ocupa o espaço institucional com os sons da noite, criando ao mesmo tempo um mundo ficcional que interage com o mundo real. Os ruídos da sala trazem uma sensação de imersão nesse mundo recortado que a cada caixa de som causa uma curiosidade diferente nos ouvintes. Eu mesma fiquei ansiosa com a conclusão de uma história de um homem que contava sobre o episódio onde observava um casal em uma balada, que no mundo real talvez não me provocasse tanto interesse.

A partir de referências de artistas como Romano, questões sobre o uso do som no campo das artes surgem em minha produção inicial como artista e pesquisadora. Em um dos meus trabalhos recentes denominado “9.6.16” permaneço um dia inteiro em silêncio apenas gravando os sons dos lugares, conversas alheias nas ruas, músicas e até o quase silêncio do meu quarto a noite. Faço um recorte de exatamente 9 horas, 6 minutos e 16 segundos desse dia, priorizando minha longa caminhada pela cidade e sua singular sonoridade.

Assim como nos trabalhos de Romano, onde o interesse pelo som da cidade se mostra evidente, começo a descobrir esse mesmo fascínio pelo urbano e pela possibilidade que esse lugar nos traz de dialogar como artistas com o público compartilhando experiências sensoriais desierarquizadas. A arte sonora reside, nessas sensações onde algo tão efêmero quanto o som nos toca de forma inesperada e ao mesmo tempo a interação humana na forma de conversa nos proporciona memórias permanentes.

 

Referências bibliográficas:

  • João Paulo Quintella. (2016). Corpo impulso. Disponível em CCBB (texto curatorial). Consultado em 29/06/2016]

  • Disponível em https://florianoromano.miraheze.org/wiki/Main_Page [Consultado em 24/07/2016]

  • EBA MediaLab. (2016). Entrevista com Floriano Romano. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=7s7CWT4EBCk [Consultado em 24/07/2016]

  • Canal - Arte. (2016). Errância _ Floriano Romano. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=sHKTU5eEsR8 [Consultado em 10/08/2016]

  • Felipe Stoffa. (2016). A experiência do caminhante. Disponível em http://www.select.art.br/experiencia-do-caminhante/ [Consultado em 10/08/2016]


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