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Revitalização do Solar dos Abacaxis

No chão as tábuas rangem, no teto há marcas de infiltrações, existe uma banheira cheia de lama negra do lado de fora – o Solar dos Abacaxis, como foi apelidado devido às esculturas da fruta existentes numa sacada do casarão, não recebia reformas há muitos anos e a imagem desse abandono ainda pode ser vista nas estruturas do lugar. Os abacaxis, que deram origem a alcunha da casa histórica, estavam sendo roubados e foram retirados para que pudessem ser feitas novos moldes dos mesmos.

Fotografia de Ariane Pereira da Silva

Apesar da estrutura ainda precária, a construção antiga ganhou um novo “respiro” a partir do ano de 2016. O local que sempre fora utilizado como moradia particular, agora recebe eventos que buscam propagar a cultura e novas posturas políticas. A transformação do lugar em espaço cultural tem ocorrido com a ajuda de diversos artistas, coletivos, DJ’s, chefs e instituições. A experiência “expositiva e celebrativa”, como chamada pelo próprio grupo responsável pela revitalização do espaço, tem o nome de “MANJAR” e vem ocorrendo em algumas semanas.

PELE E ÓRGÃOS

Trago como destaque o trabalho da artista Isabela Sá Roriz que foi exposto no MANJAR da quinta-feira 24 de agosto deste ano. A instalação foi colocada num espaço que anteriormente era utilizado como garagem, o espaço amplo foi de auxílio para a potencialização do trabalho. É recorrente a utilização do látex nos trabalhos da artista, que busca trazer organicidade para o material industrial por meio das formas criadas. A montagem da instalação foi feita com dois trabalhos diferentes, ambos explorando o caráter ambíguo do látex em sua artificialidade que pode se converter em algo vivente, como é a proposta de Isabela Roriz. Para dar conta da ideia de corpo orgânico, algumas das formas presentes expelem uma espécie de “gosma”, como se fossem órgãos.

Instalação Chovo de Isabela Roriz(2017)

As paredes desgastadas e a luz suave da ambientação criada serviram como um cenário intrigante para as peças, corpos que também são coisas, expostas em conjunção. A ação do tempo na tinta desgastada, a baba viscosa expelida pelos “órgãos”, objetos- performer, vivos, criaram uma belíssima conexão arte-e-solar.

O Solar dos Abacaxis é uma construção importante para a história da cidade do Rio de Janeiro e a tentativa de transformá-lo num ponto de propagação cultural é louvável, agora nos resta esperar para ver quais serão os resultados deste ousado voo já alçado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BULCÃO, Clóvis. O Solar dos Abacaxis. 2016. Disponível em: <http://www.intrinseca.com.br/blog/2016/08/o-solar-dos-abacaxis/>. Acesso em: 24 set. 2017.

RORIZ, Isabela Sá. Considerações conceituais. Disponível em: <http://isabelasaroriz.com/sobre/>. Acesso em: 24 set. 2017.

RUBIN, Nani. Grupo tenta revitalizar mítico casarão do Cosme Velho com programação cultural. 2016. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/cultura/artes- visuais/grupo-tenta-revitalizar-mitico-casarao-do-cosme-velho-com-programacao- cultural-19905041>. Acesso em: 24 set. 2017.

WIKIPÉDIA. Solar dos Abacaxis. 2017. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Solar_dos_Abacaxis>. Acesso em: 24 set. 2017.


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